Paternalismo

Uma conduta paternalista pode prejudicar quem recebe cuidados?

O assunto que será abordado hoje é muito vivenciado no contexto do cuidado, seja em hospitais, lares, iou em qualquer outro espaço em que possa haver prestação de cuidado. Talvez você já tenha se deparado com ele, seja como quem recebe cuidados, seja como profissional que presta cuidados. Você já ouviu falar sobre Paternalismo? Sabe o que é e quais suas causas e consequências?

O paternalismo pode ser entendido como condutas tomadas por profissionais, onde estes decidem pelo paciente, sem seu consentimento. Normalmente, agem pelo paciente, impedindo-o de exercer sua autonomia e, a depender do caso, sua independência. Se a pessoa que recebe cuidados (paciente) tiver sua capacidade cognitiva preservada, uma conduta paternalista pode, inclusive, infringir um princípio bioético, que é a autonomia (. Por isso, é imprescindível entender não só o significado, mas as causas, consequências e como evitar (ou minimizar) o paternalismo.

Algumas das possíveis causas

Muitas podem ser as causas que levam um profissional a ter uma conduta paternalista. Entretanto, trouxemos alguns exemplos bem conhecidos por todos nós e que, também, são amplamente vivenciados na dinâmica do cuidado. Algumas das possíveis causas que levam ao paternalismo são:

  • Relações próximas: em muitos casos, a proximidade com que recebe os cuidados pode fazer com que o cuidador se sinta “à vontade” e no direito de decidir pela pessoa. Isto acontece muito quando o cuidador é informal , por causa de laços familiares;  
  • Otimização de tempo: o cuidador pode alegar que, ao tomar as decisões pelo ser que recebe cuidados e ao fazer as coisas por ele, consegue otimizar tempo e, então, realizar outras atividades (como, por exemplo, organizar e limpar o ambiente). Entretanto, esse tipo de otimização, além de não ser bem-vinda, não é saudável à pessoa que está recebendo cuidados;
  • Pensamento errôneo de “evitar constrangimento no ser cuidado”: acontece quando o cuidador alega que o idoso (isto pode acontecer não só com idosos, mas, também, com pessoas de todas as faixas etárias) não executa alguma atividade por estar constrangido, o que leva o cuidador a fazer por ele. Nem sempre isto é verdade. O idoso pode, sim, sentir-se constrangido por não conseguir comer (por exemplo) sem derrubar comida no chão ou na mesa, mas isto não é regra. O que é constrangimento para um pode ser desafio para outro. O processo de envelhecimento é heterogêneo, diversificado e vivido de formas diferentes;
  • Retardo no tempo de execução da atividade: a pessoa que recebe cuidados pode, por estar mais limitada ou com o quadro de saúde mais comprometido, demorar mais do que antes para realizar atividades. Isto pode levar o cuidador a fazer pela pessoa e a tomar decisões que deveriam ser tomadas por ela;
  • Muitos pacientes para o mesmo cuidador: em uma instituição de longa permanência para idosos, nem sempre o número de cuidadores é suficiente para assistir e cuidar de todos os idosos residentes. Neste caso, ocorre uma sobrecarga dos cuidadores os quais acabam sendo levados a agirem o mais rápido possível para que possam prover cuidados a todos. Ou seja, a conduta paternalista acaba sendo fomentada, seja por conta do baixo número de cuidadores ou, ainda, por conta dos horários da instituição. Por exemplo, a higienização de todos é feita no mesmo horário e todos devem dormir e acordar no mesmo horário;
  • Estereótipos e preconceito envolvidos nas doenças e condições que limitam: o cuidador pode adotar uma conduta paternalista se a pessoa que recebe cuidados tiver algum tipo de deficiência física, por exemplo, ou pode achar que, por ser idoso, o ser que recebe cuidados é frágil e não consegue desempenhar nenhuma atividade;
  • Menosprezo à capacidade de decisão e execução: o cuidador pode ter uma conduta paternalista por menosprezar a capacidade de decisão e execução de quem recebe cuidados e não permitir que exerça seu direito de autonomia e independência, configurando, assim, um cuidado autoritário (onde o cuidador “dita e delega”);
  • Infantilizar a pessoa: em muitos casos, independentemente da idade, o cuidador tende a infantilizar a pessoa que recebe cuidados como se esta não pudesse realizar por si só suas atividades do cotidiano, não respeitando, assim, sua autonomia e, a depender da situação, sua independência.

Algumas das possíveis consequências

O paternalismo, evidentemente, gera algumas consequências. Estas tendem a piorar, cada vez mais, por um lado, o estado de saúde de quem recebe cuidados e, por outro, a qualidade do cuidado prestado.

A redução da autonomia e independência do receptor (quem recebe) de cuidados talvez seja a mais devastadora e preocupante de todas as possíveis consequências de uma conduta paternalista. Aos poucos, quem recebe cuidados deixa de executar suas atividades e de decidir (já que tem quem execute e decida). Os resultados podem não ser vistos instantaneamente, mas chegarão. Normalmente, no médio – longo prazo. O resultado final provavelmente será visto no longo prazo: essa pessoa estará acamada, completamente dependente.

Como evitar

Embora seja uma conduta muito comum na prestação de cuidados, o paternalismo pode ser evitado ou, na pior das hipóteses, minimizado. Uma forma de buscar evita-lo é ea pessoa que recebe cuidados. Deve-se permitir e dar condições para a pessoa (que tenha sua capacidade cognitiva preservada) decidir sobre seu tratamento e sobre sua vida. O profissional deve, ainda, tomar cuidado para:

  • Não infantilizar quem recebe cuidados;
  • Não deixar sua conduta ser influenciada por preconceitos e estereótipos;
  • Não ferir a autonomia, que é um princípio bioético;
  • Não deixar de estimular a pessoa, quanto à independência e autonomia;
  • Não desrespeitar as atividades e capacidades (físicas, cognitivas, psicológicas, sociais e espirituais) do receptor de cuidados.

Gostaríamos de ressaltar que nossos cuidadores são treinados a não adotarem conduta paternalista. Recebem treinamentos para que possam, na medida do possível, com qualidade e segurança e dentro dos limites, estimular quem recebe cuidados. Logo, se você procura por alguém que tenha tal comportamento e que preste cuidados com qualidade (com competência e habilidade), não deixe de nos contatar.

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Forte abraço e até o próximo artigo.

Equipe Human Life.

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